Gotinha deixa de ser aplicada contra a poliomielite e vacina injetável muda esquema de imunização
Em 2023, a cobertura vacinal nacional atingiu 86,55%, superando os 77,20% registrados em 2022, mas longe da meta de 95% do público-alvo
Esta segunda-feira (4) marca uma mudança importante na estratégia de combate à poliomielite – também conhecida como paralisia infantil – no Brasil. O país substitui as doses de reforço com a vacina oral poliomielite (VOP) – a famosa “gotinha” – pela vacina inativada poliomielite (VIP), administrada por injeção.
De acordo com o Ministério da Saúde, a alteração está alinhada com uma tendência mundial de utilização da VIP, composta por partículas do vírus, em detrimento da versão oral, produzida com o vírus atenuado.
Segundo o médico infectologista Fernando Chagas, um dos benefícios da substituição é que mais pessoas podem receber a vacina injetável. Por ser um imunizante que não utiliza o vírus vivo atenuado, mesmo indivíduos com imunodeficiência podem ser vacinados.
Outra questão importante para a troca do tipo de vacinação é a transmissão ambiental, afirma Silvia Nunes Szente Fonseca, médica pediatra e infectologista. Por se tratar de um produto oral, uma parcela do vírus atenuado presente na VOP é eliminada nas fezes das crianças vacinadas, disseminando o chamado “vírus vacinal da poliomielite”.
No passado, essa eliminação pelas fezes foi importante por colocar a população em contato com o vírus enfraquecido em locais onde não havia saneamento básico, incentivando a produção de anticorpos nesses indivíduos. O problema é que, em casos raros, pode haver mutação do vírus no ambiente, desencadeando a doença.
— A vacina injetável, em que o vírus é inativado, elimina o risco de mutação do vírus no ambiente — diz Silvia.
Mudança no esquema vacinal
Outro aspecto positivo é a simplificação do esquema vacinal. Com a mudança, todas as doses da vacina serão injetáveis. As três primeiras doses, que já eram da VIP, continuam sejam dadas aos dois, quatro e seis meses de idade e, aos 15 meses, as crianças receberão uma dose de reforço, agora injetável, no lugar da gotinha.
A segunda dose de reforço, que anteriormente era administrada de forma oral aos quatro anos, não será mais necessária.
Fonte: GZH.