Todo motorista tem história para contar

Quando Santos Dumont, o pai da aviação, trouxe da França, em 1891, um Peugeot com motor a explosão, não poderia imaginar a revolução que faria no país. O modelo, que desembarcou de navio no porto de Santos, foi o primeiro de uma frota que, atualmente, ultrapassa os 98 milhões de veículos, segundo dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).

Mais de cem anos depois, o que se vê é um país sendo movimentado sobre rodas – sejam elas de caminhões, de ônibus, de táxis ou de veículos de passeio – e conduzido pelas mãos de motoristas que têm a responsabilidade de transportar pessoas, alimentos, insumos industriais, medicamentos e tantos outros produtos essenciais. Por esse motivo, é justa a comemoração do Dia do Motorista, celebrado em 25 de julho, Dia de São Cristóvão, santo católico considerado o padroeiro dos motoristas.

Todo motorista tem história para contar, seja ela boa, ruim, inusitada ou engraçada. Greice Flores, de 30 anos, mora em Veranópolis há 15 anos e há três é motorista de transporte de passageiros, ela conta que já vivenciou diversas histórias ao longo desses anos de profissão.

De acordo com ela, a história mais inusitada que já lhe aconteceu, foi um pai que solicitou uma corrida para seguir a filha. “Ele solicitou a corrida para saber se a filha não estava mentindo, ele queria ter certeza de que ela realmente estava onde dizia estar. Obviamente ele não podia segui-la com o próprio carro, então me chamou para isso. Nós seguimos a moça, saímos da cidade e tudo mais”, descreve.

Além disso, Greice descreve que diversas outras situações nessa linha já ocorreram também. Segundo ela, diversas pessoas já solicitaram seu serviço para certificar-se de que os respectivos companheiros estavam onde diziam estar. Outra situação relatada pela motorista, é a de pessoas que tentam fazer mudança utilizando o serviço de táxi. “Já aconteceu várias vezes de chegar na casa da pessoa e ela querer fazer mudança usando o táxi, aí a gente explica que não tem como”, detalha.

Michel Benedetti, de 43 anos, é motorista desde 1998. Ele foi motorista de caminhão até 2013, viajando por todo o país. Atualmente é motorista de transporte escolar durante a semana, aos finais de semana ele faz viagens de turismo para empresas de Veranópolis e, também, coleciona histórias desse período. Ele relata que no ano de 2016, em uma viagem para a Praia do Rosa, em Santa Catarina, precisou levar uma mulher para o hospital pois a mesma estava passando mal e não havia ambulância disponível no momento.

“Numa dessas viagens, fomos para a Praia do Rosa, em Santa Catarina. Em uma madrugada, uma mulher passou muito mal por ter comido camarão, era alérgica e não sabia. Ligamos para a recepção da pousada, que imediatamente entrou em contato com o hospital de Garopaba pedindo a ambulância, mas a mesma não estava disponível naquele momento. Eu peguei o ônibus e saímos em deslocamento do Rosa para Garopaba com uma angústia muito grande, pois a mulher estava cada vez mais sufocada, eu não sabia aonde era o hospital em Garopaba. Passei um sinal vermelho e fui abordado pela polícia. Explique o que estava acontecendo e que a pessoa estava muito mal e eu nem sabia onde era o hospital, no fim a polícia acabou me escoltando até lá”, explica.

Benedetti relata que a mulher chegou ao hospital muito mal, mas a tempo de ser atendida. De acordo com ele, os dois mantém contato. “Recebo ligações dessa pessoa até hoje e no Dia Do Amigo ela sempre lembra de mim”, finaliza.

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