Seguindo nossas reportagens sobre o trabalho voluntário com animais abandonados em Veranópolis, entrevistamos Charline Pitol, presidente da ONG Instinto Coruja, responsável pela administração do Canil Municipal. Ela fala sobre as dificuldades enfrentadas, da superlotação no canil, de todo o trabalho prestado para a comunidade, dos resgastes e da triste realidade do abandono de animais pelos seus donos.
Escola: Como surgiu a ideia de criar a Ong Instinto Coruja?
Charline: A ONG Instinto Coruja surgiu como uma reestruturação da Associação Protetora dos Animais São Francisco de Assis de Veranópolis – APAVE, que já existia há muitos anos no município, para administrar o novo canil municipal de Veranópolis.
Escola: Como funciona o resgate de animais?
Charline: Os resgates de animais ocorrem apenas em casos de extrema urgência e necessidade, uma vez que o canil municipal encontra-se há muitos meses lotado. Preferencialmente optamos por adequar as situações sem que os animais precisem ir até o canil, ou seja, tentamos encontrar lares temporários, ou pessoas que se prontifiquem a cuidar do cão de forma comunitária.
Escola: Quantos animais o canil tem hoje e qual a capacidade dele?
Charline: O canil encontra-se com aproximadamente 180 animais, no entanto, sua capacidade inicial era para apenas 130 cães.
Escola: Qual o maior problema que a Ong enfrenta hoje?
Charline: A falta de responsabilidade por parte das pessoas, pois 90% dos animais abrigados já tiveram uma família, e acabaram chegando ao canil por serem fruto de algum abandono ou negligência.
Escola: Vocês tem ajuda do poder público?
Charline: O canil municipal, na verdade, é do poder público. A Ong só o administra, através de um termo de colaboração firmado com o munícipio. Para o custeio de todos os gastos inerentes ao canil, contamos com um repasse mensal do poder público, o qual é complementado com recursos próprios da entidade.
Porém, a Ong também desempenha papel na sociedade, com a esterilização de animais, doação de ração, entrega de casinhas, instalação de espias e custeio de consultas veterinárias e tratamento para animais da população de baixa renda. Para todas essas atividades, não há repasse do poder público, então as realizamos com valores arrecadados através de rifas, vendas de produtos, brechós e doações da comunidade.
Escola: Todos os dias vocês precisam resgatar animais?
Charline: Todos os dias chegam pedidos de auxílio. Por vezes são de resgates, mas geralmente são situações que conseguimos realizar com encaminhamento dos animais ao veterinário, adequação de espaços aonde os mesmos vivem, doações de ração, etc… Como mencionado anteriormente, não há espaço para todos os animais no canil municipal, então se faz necessário que tenhamos outras alternativas para resolver as demandas.
Escola: As pessoas costumam fazer doações a Ong?
Charline: Sim, felizmente a população Veranense, em sua grande maioria, é caridosa e sensibilizada com a causa animal, e dentro das suas possibilidades, ajuda a Ong através de doações de materiais, itens para venda no brechó, compra de produtos personalizados, compra de números de rifa e também doação de valores em dinheiro.
Escola: Se alguém quiser ajudar a Ong o que precisa fazer?
Charline: Necessitamos de ajuda voluntária no canil municipal aos domingos. E também pode ser contribuído com a Ong através da doação de roupas e itens de bazar para o brechó, compra de números de rifa quando essas estão em vigor, auxílio mensal através de carnês, doações esporádicas em um dos cofrinhos que temos espalhados pelo comércio local, doação de materiais de limpeza para o canil municipal, doação de ração para os animais da população de baixa renda, doação de casinhas, etc…
Se você puder ajudar de alguma forma, ajude. Este é um trabalho voluntário de quem ama os animais e que, acima de tudo, está prestando um serviço de saúde pública à comunidade em geral.