Comunidade investe cerca de R$ 5 milhões para construir pontes provisórias em cidades da Serra
Nos sete locais mapeados, apenas duas estruturas definitivas estão com obras em andamento. Em cinco locais, pontes provisórias foram construídas para restabelecer o fluxo de materiais, matérias-primas e pessoas
A conexão terrestre entre as cidades da Serra ainda é um desafio no cenário pós-chuva e enchente de maio deste ano. Após seis meses do fenômeno, a construção de pontes provisórias foi o que possibilitou restabelecer o fluxo, seja de mercadorias, matérias-primas ou de pessoas.
Dos sete locais que perderam as pontes, acompanhados pela reportagem desde maio, apenas dois estão com obras para construir estruturas definitivas, sendo as conexões de Caxias do Sul com Nova Petrópolis e de Bento Gonçalves com Cotiporã. Ainda, em São Valentim do Sul e em Santa Tereza, o governo do Estado adotou como solução provisória a balsa, que opera na travessia.
No entanto, em cinco locais, pontes provisórias foram construídas por iniciativas populares, envolvendo entidades, empresários e moradores. Cerca de R$ 5,1 milhões foram investidos pelas prefeituras, comunidades e entidades. Confira os detalhes:
Entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis
Conforme a assessoria de imprensa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), as obras da ponte sobre o Rio Caí já atingiram 80% de conclusão.
No domingo passado se iniciou a fase da superestrutura, com o lançamento da primeira viga da ponte. Ainda estão previstas as instalações de estacas e de blocos, a drenagem, a pavimentação e a sinalização.
Segundo o superintendente regional do Dnit, Hiratan Pinheiro da Silva, a ponte sobre o Rio Caí deve ficar pronta até dezembro, cerca de dois meses antes do prazo final, que é fevereiro de 2025.
A ponte entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis começou a ser construída em julho desse ano. A estrutura terá 180 metros de comprimento por 13 metros de largura, sendo mais alta, mais larga e mais comprida do que a antiga. A metragem engloba também a faixa de rolamento e o acostamento.
Relembre a situação:
- Em 12 de maio, o alto nível do Rio Caí danificou um dos pilares centrais da ponte na BR-116.
- Em 27 de maio, um pilar de sustentação da ponte cedeu.
- Após um mês e meio interditada, a ponte foi implodida em 27 de junho.
- No dia 7 de julho, o Exército instalou uma ponte provisória para pedestres.
- Em 9 de julho, começou a construção da ponte definitiva.
- No dia 18 de julho, o Dnit anunciou a desistência de construir uma ponta provisória entre as cidades.
- Empresários da região iniciam a campanha #ReConstruindo Conexões, que angariou recursos para construir uma ponte provisória
- Em 20 de setembro, a estrutura provisória foi inaugurada, reconectando a Serra com a Região das Hortênsias.
Em Santa Tereza, na Rua Saldanha Marinho
Obra da ponte provisória tem a Randoncorp Incorporadora como executora do projeto.Marcelo Bettinelli Machado / Divulgação
A prefeitura anunciou na última semana que uma ponte provisória será construída próximo de onde a estrutura foi levada pelo Arroio Marrecão, em maio desse ano. A construção irá conectar a área central a 10 comunidades do interior e cidades vizinhas.
A ponte provisória terá 30 metros de extensão e quatro metros de largura. A estrutura terá capacidade de carga de 45 toneladas. A previsão é que ela seja entregue entre 30 a 45 dias.
A obra será realizada pela Randoncorp Incorporadora, em parceria com a Arcelor, que irá doar vergalhões, e da JB Engenharia, que deverá elaborar o projeto e executar a obra. O Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG) também apoia a iniciativa.
Sobre a ponte definitiva, o projeto da estrutura foi cadastrado pela prefeitura e aprovado pela Defesa Civil Nacional. Contudo, a verba do projeto ainda não foi liberada.
Relembre o caso:
- A ponte na Rua Saldanha Marinho foi levada pelo Arroio Marrecão em 30 de abril.
- Em maio, a prefeitura da cidade tinha cadastrado junto à Defesa Civil Nacional um projeto para a reconstrução.
Entre Nova Prata e Fagundes Varela, na Linha Bento Gonçalves
Estrutura provisória foi executada pela prefeitura de Nova Prata.Monalise Canalle / Prefeitura de Nova Prata / Divulgação
O fluxo entre Nova Prata e Fagundes Varela se mantém na dependência de uma ponte provisória, construída pela prefeitura de Nova Prata. Conforme a administração, uma licitação para definir a empresa vencedora para executar a obra estava programada para ocorrer na última semana.
No entanto, uma das empresas cadastradas entrou com uma impugnação para rever um item do edital. O jurídico de Nova Prata acatou a solicitação. A expectativa é que a licitação ocorra em dezembro. Após, a prefeitura terá 10 dias para dar a ordem de início para a obra.
Relembre o caso:
- Em 1º de maio, a ponte que interligava as cidades foi levada pelo arroio que passa entre os municípios.
- No dia 22 do mesmo mês, a prefeitura pratense inaugurou uma ponte provisória, custeada pela própria administração, no valor de R$ 35 mil. Dias depois, a água do arroio levou a estrutura.
- Uma ponte semelhante foi reconstruída no local, tendo custo aproximado de R$ 35 mil. No total, a prefeitura de Nova Prata investiu R$ 70 mil para reestabelecer o acesso provisório entre as cidades.
- A prefeitura prevê que a licitação para a construção da nova ponte ocorra em dezembro.
Entre Cotiporã e Bento Gonçalves
Obra da nova ponte é realizada pelo programa Pontes do Sul.Isaac Merlo / Divulgação
A principal conexão terrestre entre as duas cidades está interrompida há seis meses. Responsável pela construção da nova ponte, o programa Pontes do Sul já reconstruiu dois pilares e a cabeceira no lado de Bento Gonçalves. Nos próximos dias, a estrutura metálica, que está em Cotiporã, começará a ser montada. A equipe prevê ainda o alimento e o controle da cota do rio junto à Cia Energética Rio das Antas (Ceran).
No último dia 6 ocorreu a entrega da estrutura e a montagem em Bento Gonçalves foi no dia posterior. Também no dia 7 houve o lançamento dos módulos montados sobre os pilares de Cotiporã.
Ainda, houve um aditivo na obra de R$ 960 mil, para a remoção de três pilares e a ampliação do vão da ponte. O valor será custeado pelos municípios de Cotiporã, Bento Gonçalves e a Aciv de Veranópolis. A previsão de entrega da ponte é para o início de dezembro.
Relembre a situação:
- Em 15 de maio, parte da ponte foi levada pelo Rio das Antas.
- Em 16 de maio, a Aciv iniciou a campanha de arrecadação para custear uma nova ponte entre as cidades. A ação foi encerrada em junho, com R$ 174 mil arrecadados.
- Militares estudaram a possibilidade de instalar uma ponte móvel para interligar as cidades, o que não ocorreu.
- Em julho, as prefeituras anunciaram que o Programa de Aceleração Pontes do Sul, realizado pela JB Engenharia, seria responsável pela construção da nova ponte.
Entre Cotiporã e Dois Lajeados – Rota Água e Vales
Ponte provisória entre as cidades tem orçamento estimado em R$ 3 milhões.Isaac Merlo / Divulgação
As obras da ponte provisória sobre o Rio Carreiro, realizada pelo programa Pontes do Sul, iniciou em 10 de julho. Na última semana havia a previsão de concretar o tabuleiro e as cabeceiras. Nesta semana serão feitas as lajes de aproximação e os guarda-rodas.
A ponte provisória está orçada em R$ 3 milhões. O valor será custeado pela Câmara de Indústria, Comércio, Agronegócio e Serviços de Guaporé e a Associação de Caminhoneiros do Vale e da Serra, bem como por empresários locais. A previsão é que a ponte provisória seja liberada para o fluxo em 7 de dezembro.
Em relação à ponte definitiva, o município de Cotiporã continua aguardando o parecer da Defesa Civil sobre o pré-projeto e orçamentos. Segundo a prefeitura, cerca de R$ 10,5 milhões já foram reservados para o projeto.
Relembre a situação:
- A ponte entre as cidades foi levada pelo Rio Carreiro ainda em setembro de 2023.
- A cidade cadastrou um projeto junto à Defesa Civil para reconstruir a estrutura.
- Em julho, técnicos da Defesa Civil estiveram na divisa entre as cidades, avaliando o local onde estava a ponte.
- Defesa Civil ficou responsável por determinar a verba que será liberada.
- Prefeitura estima que R$ 12 milhões sejam necessários para reconstruir a ponte definitiva.
Entre Vista Alegre do Prata, Nova Prata e Fagundes Varela
Ponte provisória sobre o Rio Não Sabia foi inaugurada no final de julho.Prefeitura de Vista Alegre do Prata / Divulgação
A licitação para reconstruir a ponte definitiva para reconectar a microrregião deve ocorrer até o final do ano. A ponte sobre a RS-441 deverá ser refeita pelo governo do Estado por estar situada em uma rodovia estadual.
No final de julho, uma ponte provisória foi instalada a 200 metros do local onde a antiga ponte estava. A estrutura provisória foi custeada por uma ação coletiva entre a prefeitura de Vista Alegre do Prata, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), empresários e população.
A estrutura da ponte de 30 metros foi adquirida pela prefeitura, com um investimento de R$ 300 mil. Há quatro meses, o fluxo entre as cidades flui por essa estrutura.
Relembre a situação:
- Em 1º de maio, a ponte entre as três cidades foi levada pelo Rio Não Sabia.
- Durante o mês, a prefeitura planejava construir uma ponte provisória.
- Moradores e entidades se mobilizaram para arrecadar valores para construir a ponte provisória.
- As obras da nova ponte foram iniciadas em 5 de julho.
- A ponte provisória foi entregue em 29 de julho.
- A expectativa é que a licitação para a ponte definitiva ocorra ainda em 2024.
Entre São Valentim do Sul e Santa Tereza
Local em que nova ponte será construída.Rodrigo Stieler Rodrigues / Daer / Divulgação
Depois de um ano e dois meses sem conexão, foi assinada no último dia 4 a ordem de início para construção da ponte que irá reconectar os municípios. A estrutura na RS-431 será feita pelo governo do Estado. A obra terá custo de R$ 31,3 milhões, sendo R$ 24,4 milhões do governo federal e R$ 6,9 milhões de contrapartida do Estado.
A estrutura terá 320 metros de comprimento, cerca de 51 metros maior do que a anterior. Conforme anunciado pelo Estado, a ponte de Santa Bárbara será construída no Regime de Contratação Integrada.
Na prática, a empresa mineira que fará o projeto, também será responsável pela execução. Agora, a construtora deverá apresentar o projeto executivo ao Daer. O prazo para o início das obras é de 90 dias, que começou a contar em 4 de novembro. A expectativa é que a obra seja concluída em até 18 meses.
Relembre a situação:
- Em setembro do ano passado, a ponte que conectava as cidades foi levada pela enchente do Rio Taquari.
- Em fevereiro de 2024, o governo do Estado contratou uma empresa para fazer a travessia.
- Em março deste ano, o governo federal anunciou o repasse de R$ 24,51 milhões para a reconstrução da estrutura.
- No mês de maio, a enchente no Rio Taquari levou a estrutura até Lajeado.
- No início de julho, a Lacel Construção e Apoio Naval anunciou o retorno das operações no final do mês.
- Em julho o Governo do Estado divulgou que uma empresa mineira venceu a licitação para realizar o projeto da ponte.
- No mês de agosto, a balsa entre as cidades voltou a operar.
Fonte: Pioneiro / Gaúcha ZH
Foto: Porthus Junior / Agencia RBS