O mês terminou com precipitação inferior aos padrões históricos no Rio Grande do Sul e em algumas áreas os volumes no mês sequer alcançaram 20% da média histórica mensal, em uma época decisiva para a formação de reserva hídrica para o verão. De acordo com dados de estações do Instituto Nacional de Meteorologia, a chuva no mês de setembro em Uruguaiana foi de apenas 15,2 mm ou 17% da média histórica (série 1991-2020) de 86,6 mm.
A primavera, que tradicionalmente registra volumes de chuva mais altos juntamente com o inverno, é importante para elevar as reservas hídricas e aumentar a quantidade de umidade no solo, uma vez que no verão as precipitações tendem a ser mais irregulares. No verão, ademais, o maior número de horas de sol e o calor aceleram a perda de umidade do solo. O setembro de pouca chuva no Rio Grande do Sul preocupa porque outubro, outro mês que costuma na climatologia ter elevados volumes, deve repetir a tendência de precipitação abaixo a muito abaixo da média no estado gaúcho. O último trimestre deste ano, que começa hoje, aliás, deve ter chuva inferior ou muito inferior aos padrões históricos no território gaúcho.
O mapa acima mostra a projeção de anomalia de chuva para o trimestre outubro a dezembro do NMME (North America Multi-Model Ensemble), uma média de vários modelos de clima dos Estados Unidos e do Canadá que sinaliza um último trimestre do ano com deficiência hídrica. A MetSul Meteorologia, em consequência da atuação do fenômeno La Niña por uma terceira primavera seguida, vem por meses alertando para o risco de escassez hídrica nestes últimos meses de 2022. Se por um lado a chuva sem alta frequência e volume favorece o plantio da safra de verão, as precipitações abaixo da média devem afetar as culturas no final deste ano. A maior preocupação, como temos exposto, é com o milho que pode voltar a ter quebra de safra.