Acordo UE-Mercosul: impactos para o agro brasileiro e oportunidades de crescimento
O setor do agronegócio brasileiro está entre os mais beneficiados com o anúncio do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, feito na última sexta-feira, 6 de dezembro.
A possibilidade de redução ou eliminação de tarifas de exportação sobre produtos agrícolas abre portas para o Brasil expandir sua presença no bloco europeu, o segundo maior mercado importador do agro brasileiro, atrás apenas da China.
Principais benefícios para o agronegócio brasileiro
O Brasil, grande produtor de carne, soja, café e outros itens, vê no acordo uma oportunidade de fortalecer suas exportações para a UE, que em 2023 representou 12,93% das vendas externas do setor, totalizando US$ 21,5 bilhões.
Medidas do acordo relativas ao agronegócio:
- Isenção de tarifas: 82% das importações agrícolas do Mercosul pela UE estarão isentas de tarifas.
- Eliminação de tarifas: Produtos como suco de laranja, frutas, café solúvel, peixes, crustáceos e óleos vegetais terão tarifas eliminadas.
- Preferência na exportação: Exportadores brasileiros terão vantagens para carnes (bovina, suína e aves), açúcar, etanol, arroz, ovos e mel.
- Cotas de exportação: Alguns produtos, como carne bovina, arroz e mel, estarão sujeitos a cotas, garantindo valores mínimos para exportação.
- Indicação geográfica: Produtos típicos como cachaça, queijo Canastra e café Alto Mogiana terão reconhecimento de origem e proteção contra imitações.
- Compromisso ambiental: UE e Mercosul devem implementar o Acordo de Paris, incluindo medidas contra o desmatamento e redução de gases do efeito estufa.
Tensões e novas exigências
Apesar dos benefícios, o acordo enfrenta resistência de produtores europeus, especialmente na França. Agricultores alegam que a entrada de produtos brasileiros pode prejudicar suas economias locais, enquanto empresas como Carrefour e Danone anunciaram restrições a produtos do Mercosul.
Desde então, a União Europeia aumentou suas exigências para a concretização do acordo. Entre elas, a solicitação de uma carta reforçando o comprometimento ambiental dos países do Mercosul. Além disso, o bloco implementou a lei de antidesmatamento, que dificulta a venda de produtos brasileiros para a Europa, impondo critérios rigorosos de rastreabilidade e sustentabilidade.
Impacto econômico do acordo UE-Mercosul
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil será o maior beneficiado pelo acordo, com projeções de crescimento no PIB e na balança comercial:
- PIB: Crescimento de 0,46% até 2040, mais que a UE (0,06%) e o restante do Mercosul (0,2%).
- Investimentos externos: Aumento de 1,49%.
- Balança comercial: Ganho de US$ 302,6 milhões para o Brasil, enquanto a UE enfrentaria uma queda de US$ 3,44 bilhões.
Produtos brasileiros em destaque
Os principais produtos exportados pelo Brasil para a União Europeia em 2023, de acordo com a Agrostat, incluem:
- Complexo soja: US$ 8,5 bilhões
- Café: US$ 3,7 bilhões
- Produtos florestais: US$ 2,6 bilhões
- Carnes: US$ 1,6 bilhão
- Sucos: US$ 1,3 bilhão
- Complexo sucroalcooleiro: US$ 1,7 bilhões
- Fumo e derivados: US$ 1 bilhão
- Frutas, nozes e castanhas: US$ 919 milhões
O acordo UE-Mercosul representa uma oportunidade única para o agro brasileiro, mas também traz desafios adicionais, como o cumprimento de novos padrões ambientais e regulamentações comerciais. Apesar das tensões, o setor terá que equilibrar as vantagens comerciais com a implementação de medidas que reforcem a sustentabilidade e a rastreabilidade de seus produtos para manter a competitividade no mercado europeu.
Créditos: G1 notícias
Foto: CNN Brasil