Fagundes Varela eleva o torresmo a bem material e imaterial, consolidando-se como “Terra do Torresmo”
Ao longo da história, Fagundes Varela cultivou uma forte conexão com a produção de produtos suínos, e o torresmo tem sido uma peça central nessa tradição
Fagundes Varela reconhece o torresmo como um bem material e imaterial de grande importância para o município. Essa decisão histórica reflete não apenas a tradição gastronômica da região, mas também homenageia o papel crucial que o torresmo desempenhou no desenvolvimento do antigo distrito de Bella Vista e do município como um todo.
Ao longo da história, Fagundes Varela cultivou uma forte conexão com a produção de produtos suínos, e o torresmo tem sido uma peça central nessa tradição. A decisão de elevar o torresmo a um status de bem material e imaterial não apenas reconhece a herança cultural, mas também destaca a importância econômica e social dessa iguaria na comunidade.
O novo título conferido ao município como “Terra do Torresmo” não apenas celebra o passado, mas também projeta um futuro onde a identidade única de Fagundes Varela é incorporada pelo apreço ao torresmo.
A iniciativa da Administração Municipal foi aprovada pela Câmara de Vereadores e, será oficializada, durante a abertura oficial da Bella Festa 2023, na sexta-feira, dia 08 de dezembro, às 10h30min, no palco principal do evento.
Importância histórica
Em 1919, surgiu um dos primeiros frigoríficos, registrado como Lunardi, Scandroglio, Sottili & Cia, adquirido posteriormente pela Cooperativa dos Suinocultores de Bella Vista. Nesse mesmo ano, começaram a ser produzidos os famosos produtos Sul Brasil. Angelo Aiofi foi um dos fundadores e criadores da marca. Ele estava estabelecido na comunidade de Nossa Senhora do Rosário.
Já a Cooperativa foi fundada em 31 de maio de 1936, sendo o maior empreendimento no antigo Distrito até a década de 1970, movimentando a economia local. O projeto de criação do trabalho cooperativo partiu de Alfredo Reali, com o apoio de Emilio Paludo, que percorreu o município em busca de simpatizantes com a causa. Ao todo, 206 sócios se uniram na iniciativa à época.
Posteriormente, até a década de 1980, o empresário Maximo Kraemer adquiriu a Cooperativa dando o nome de Frigorifico Dokro.
Durante esses mais de 60 anos de existência, produtos saíram do Distrito em direção a várias regiões do Brasil, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Recife, Pernambuco e Minas Gerais.
Além da economia, a Cooperativa teve participação em todos os setores da localidade, como no esporte, com times como Os Torresmeiros; no desenho da cidade: ruas foram criadas para a construção de casas onde residiam os funcionários da Cooperativa; na denominação do Clube Baleta: o local ficou conhecido por causa das árvores ali existentes, que atraíam os sabiás com suas sementes, conhecidas no dialeto talian por “baletas”. Assim, era feita a comparação com o bar lá instalado que atraía os funcionários da Cooperativa após o expediente; na formação profissional: muitos foram buscar conhecimentos para as funções. Após o fechamento, ainda seguiram desenvolve atividades na área.
Hoje, ser torresmeiro tem sido motivo de orgulho dos fagundenses, devido à importância da cooperativa para o desenvolvimento da localidade. No Museu Municipal, um acervo histórico e digital está sendo estruturado para manter viva a herança cultural deixada por esse segmento.
Ainda, na Bella Festa, será prestada uma homenagem a servidores que atuaram no Frigorifico. O ato será às 10h30min do dia 10 de dezembro, na Casa da Cultura de Fagundes Varela.
O título irá impulsionar o orgulho local, incentivando a preservação das tradições culinárias e promovendo o desenvolvimento econômico. Fagundes Varela honra assim, suas raízes, celebrando o torresmo como um símbolo valioso e distintivo.
Na imagem, seu Danilo Melatti, aos 84 anos, segue produzindo torresmo de forma artesanal para o consumo da família. De geração em geração, o torresmo continua presente nos laços familiares e na gastronomia afetiva local.