Morre aos 100 anos Cesira Zuchinalli, reconhecida na região pela produção de mondongo
Faleceu nesta terça-feira, dia 11, Cesira Zuchinalli, conhecida como Dona Cesira, aos 100 anos. Ela completou seu centenário no dia 15 de novembro de 2023. Boa parte de sua vida foi dedicada ao trabalho, pelo qual tornou-se conhecida através da preparação do mondongo. Em sua última entrevista para O Estafeta, em outubro do ano passado, ele contou sua trajetória de vida e dedicação a preparação do mondongo. Confira um pouco de sua história.
O Mondongo ou bucho é uma refeição muito apreciada pelos gaúchos, sendo uma opção ideal para os dias de temperatura mais baixa. O prato é um tanto polêmico e divide opiniões. Muitos admitem comer, porém a afirmação costuma vir seguida de uma condição: o alimento precisa estar bem temperado ou ser feito por alguém “de confiança”. Outros não gostam por não suportar o cheiro. Outros tantos nunca comeram, sentem repulsa até ao mencionar a palavra. Há ainda os que amam, mas o sentimento sempre vem acompanhado de um “não me julguem”.
Em Veranópolis e região, quando se fala em mondongo, o primeiro nome que é lembrado é o de Cesira Zuchinalli. Dona Cesira, como é popularmente conhecida na região, fez história preparando mondongo para diversas entidades do município por cerca de 5 décadas.
Inicialmente, Cesira era dona de um bar e preparava a iguaria para vender no estabelecimento, para vizinhos e pessoas do interior que vinham para a cidade para fazer negócios ou entregar mercadorias nas cooperativas. Com o trabalho, ela e o marido criaram sete filhos, após ficar viúva em 1982, ela fechou o bar e passou a dedicar seu tempo à família e ao clube de mães. No entanto, eventualmente fazia mondongo para vender entre os vizinhos ou em eventos da entidade que participava.
Ao longo dos anos, outras entidades passaram a chamá-la para preparar o prato que foi se tornando cada vez mais popular e tornando a senhora requisitada para os preparos. Inicialmente, a quantidade feita era pequena, cerca de 20 a 30 quilos do bucho, conforme a demanda foi aumentando a quantia preparada foi crescendo, assim como a equipe que a auxiliava, chegando a preparar 200 quilos de bucho de uma única vez, o que rendia cerca de 400 quilos do produto pronto.
Há cerca de 15 anos, Dona Cesira se aposentou definitivamente do preparo, passando a função para o filho, Carlos Alberto Zuchinalli e o amigo, Ramiro Faganello. Os dois assumiram a função de seguir a tradição da preparação do prato. Atualmente, são preparados dois mondongos por ano, um para a Festa de São Luiz Gonzaga e outro para a AVAEC.
Nos últimos anos, a produção foi crescendo, atualmente são utilizados cerca de 400 quilos de bucho, que depois de pronto rende, aproximadamente, 750 quilos de mondongo. Geralmente, os mondongos são feitos aos sábados e a preparação inicia ainda na quinta-feira. Conforme o filho, inicialmente o bucho vinha sujo, ela fazia a limpeza, cortava, preparava os molhos e cozinhava, agora, o produto é comprado pré-limpo. “No começo ela fazia tudo, agora pegamos ele já semi limpo, mas ela não gosta de usar aquele que é lavado com soda, ela fala que perde o gosto”, relata.
Apesar de não participar diretamente do preparo e passar boa parte do dia de cama, dona Cesira ainda exerce influência na produção. “Sempre que fazemos o mondongo, trazemos para ela provar e ela vai dizendo se está bom ou se falta algum tempero”, destaca Faganello.