EDITORIAL: Veranópolis deve respeito e reconhecimento à trajetória e ao trabalho de De Carli

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Veranópolis vive um momento turbulento e histórico. Em meio ao eco da situação, o afastamento do prefeito Waldemar De Carli, aprovada pela Câmara após decisão da Justiça, representa um capítulo inédito e marcante na trajetória política da cidade. Um dia que entrará para a história, não apenas como a suspensão de um mandato, mas como a reta final de uma era de 20 anos de um ciclo intenso e transformador.

Ninguém chegou tão longe no comando da cidade. Waldemar De Carli, o jovem que deixou Fagundes Varela para se aventurar em Veranópolis, conquistou o coração dos veranenses. Sua trajetória começou muito antes do primeiro mandato em 2005, quando, já dedicado à saúde pública, ele carregava consigo o desejo de fazer mais. E fez.

Em quase duas décadas, Veranópolis mudou sob a liderança de De Carli. Foram anos de expansão dos postos de saúde nos bairros, ampliação de escolas e do Hospital Comunitário, asfaltamento de ruas e estradas que conectaram vidas e destinos, resgate da tradicional Femaçã, a transformação da Júlio, e a criação de um transporte público que trouxe não apenas novas rotas, mas novos desafios. Um prefeito que colocou a cidade no mapa regional, que amou o Veranópolis Esporte Clube como se fosse sua própria casa, e que, com seu jeito sisudo e de fala mais rígida muitas vezes, soube conduzir a cidade através de crises e alegrias.

E agora, em um 29 de outubro que será lembrado para sempre, a história ganha um novo rumo. Após decisão da Justiça de crime ambiental e com a aprovação da Câmara de Vereadores, Waldemar De Carli é afastado do cargo. O motivo, algo que o destino ironicamente escolheu em detalhes: problemas relacionados a churrasqueiras e demais irregularidades em áreas de preservação permanente (APPs). Um desfecho que muitos não esperavam, mas que traz consigo a reflexão sobre o peso de cada decisão ao longo dos anos.

A cidade que De Carli herdou e a cidade que ele entrega são profundamente diferentes. Com seus acertos e desacertos, sua marca é inegável. Seu jeito de andar de cabeça baixa, às vezes pedindo que falem mais alto devido à dificuldade de audição, mas sempre atento aos detalhes, ficará registrado na memória coletiva. Nem tudo foi perfeito. Nem todos concordaram. Mas é impossível apagar as marcas profundas que ele deixou.

Hoje, Veranópolis não apenas encerra um ciclo, mas testemunha a história sendo escrita com as tintas da política, da Justiça e do legado de um homem que dedicou boa parte de sua vida à cidade. De Carli se afasta do cargo, mas não da vida comunitária. Não abandona a luta, nem deixa de ser o líder político que tantos seguiram. Seu papel na história de Veranópolis é irrefutável.

E agora, o que vem pela frente? O futuro se abre como uma estrada de possibilidades, e quem permanece deve olhar para esse passado com respeito, aprendendo com ele. Veranópolis, que um dia acolheu o jovem de Fagundes Varela, segue em frente, pronta para escrever novos capítulos, sem esquecer daqueles que pavimentaram seu caminho.

Opinião editorial d’O Estafeta

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