Nossos seres Veranópolis: Entre linhas, agulhas e arte

O artesanato é uma técnica manual utilizada para produzir objetos feitos a partir de matéria-prima, esses objetos podem ser feitos para terem funcionalidade dentro de alguma atividade ou como decoração. Fazer artesanato, além de ser uma fonte de renda para o artesão, ele incentiva a imaginação e a criatividade, protege a memória e reduz o risco de deficiência mental. Além disso, facilita a aprendizagem e pode ser utilizado no tratamento de depressão e ansiedade, pois algumas técnicas auxiliam no relaxamento e meditação.

Veranópolis conta com a ARTEVE (Associação do Artesão de Veranópolis), presidida pela artesã Alice Graeff Broetto, 59 anos. Atualmente, a entidade conta com, aproximadamente, 70 associados, que produzem uma enorme gama de produtos. “Dentro os associados, temos os artesãos e algumas agroindústrias, essas no sentido de produção de licores, vinhos e algumas geleias. Aceitamos qualquer pessoa que saiba fazer algum tipo de artesanato, no entanto, exigimos que eles tenham a carteirinha de artesão”, destaca.

Quem deseja confeccionar a primeira carteirinha de artesão, deve dirigir-se ao SINE de Nova Prata tendo em mãos documentos de identificação, comprovante de residência, artesanatos prontos e em andamento. A renovação da mesma, pode ser realizada no SINE de Veranópolis.

A entidade conta com uma infinidade de produtos, feitos em sua maioria por mulheres, principalmente, idosas, que buscam no artesanato uma renda extra para suprir eventuais necessidades. A presidente explica que alguns associados, possuem necessidades especiais e utilizam o artesanato como terapia.

A ARTEVE, funciona junto a Casa Saretta, às margens da BR-470, em Veranópolis e funcionada de segunda a sexta-feira, das 08h30min às 11h30min e das 13h30min às 17h. Aos sábados, domingos e feriados, seu funcionamento é das 09h às 16h, sem fechar ao meio dia.

Retalhos que se transformam em obras de arte

Alice é referência em artesanato no município. Ela iniciou sua vida no artesanato após se aposentar do trabalho no comércio, seus trabalhos são feitos em patchwork, que é uma técnica, que consiste na junção de pedaços de tecido através de pontos para formar um trabalho maior. “Sempre fui uma pessoa muito ativa e precisava de algo para me ocupar, comecei a fazer alguns cursos na área e hoje o que eu mais faço é patchwork. Eu acho que precisamos fazer aquilo com que nos identificamos e o que gostamos de ver e fazer”, revela.

Alguns trabalhos são mais complexos que outros, exigindo mais ou menos tempo de dedicação para sua confecção. “Eu tenho outras atividades além do artesanato, faço minhas peças no tempo livre geralmente, algumas levo entorno de dois dias para finalizar, outras chego a demorar até uma semana”, explica.

A artesã já perdeu as contas de quantos trabalhos fez, muitos desses foram e ainda vão para diversas localidades do país e até do mundo. “Na casa passam muitos turistas, eles levam nosso artesanato para seus locais de origem, tanto o meu quanto de outros colegas”, enfatiza.

Alice imagina um futuro com muitas perspectivas dentro do artesanato, no entanto, seu principal desejo é de que haja mais valorização da área. “Minha perspectiva é que o artesanato seja mais valorizado, infelizmente, ainda é pouco valorizado”, finaliza.

De ponto em ponto

Crochê ou croché, é o processo de criação de trabalhos utilizando uma agulha específica e um fio continuo. Existem diversas teorias a respeito do surgimento dessa arte, segundo os historiadores, os trabalhos em crochê têm origem na Pré-história. A arte do crochê, como a conhecemos atualmente, foi desenvolvida no século XVI. O crochê só começou a ser fortemente difundido em 1800. As primeiras instruções publicadas conhecidas para crochê, usando explicitamente esse termo para descrever o trabalho em seu sentido atual, apareceram na revista holandesa Penélopé em 1823.

Elda Segalotto Franceschi, 60 anos, aprendeu a arte de fazer crochê ainda na infância com a mãe, ao longo da vida, foi se aperfeiçoando e fazendo cada vez mais trabalhos. “Com cinco anos já fazia os primeiros pontos, depois fui aprendendo por conta e vendo ela”, explica.

Os trabalhos podem ser feitos a mão livre ou seguindo os chamados gráficos, que são modelos detalhados dos trabalhos, com número de pontos e quais os tipos a serem utilizados. “Quando não tinha como imprimir os modelos, eu desenhava meus próprios gráficos, quando eram trabalhos maiores, deitava no chão para fazer os desenhos”, descreve.

Entre trabalhos grandes e pequenos, Elda passa seu tempo crochetando e ajudando o cunhado nos cuidados com o sogro idoso. A artesã explica que alguns dependendo da complexidade e do tamanho de cada crochê, leva um determinado tempo fazer. “Sapatinhos de bebê eu faço em duas horas, tapetes, trilhos de mesa ou cortinas, demoro até meses para finalizar, tudo depende do tempo que eu fico em cima desse trabalho”, relata.

Aos longos dos anos, a artesã destaca que já produziu mais de mil trabalhos para diversas cidades da região e do estado. Por muito tempo o crochê foi uma de suas principais fontes de renda, atualmente, ela ainda aceita encomendas, mas em menor quantidade. “Já fiz parte da Arteve aqui de Veranópolis, agora estou mais parada e faço menos coisas”, finaliza.

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