Pai para Filho: De “justa ossi” à quiropraxista

Quem nunca ouviu falar dos famosos “justa ossi”, profissionais que manipulam e arrumam articulações fora do lugar, dentre outras técnicas? Em Veranópolis, um dos mais conhecidos é Nilso Domeneghini, que está há 50 anos na área. Ele relata que os conhecimentos lhe foram passados por seu tio avô, João Domeneghini, que já tinha idade avançada e precisava passar as técnicas para um sucessor.  “É uma história de família que veio da Itália, em que faziam os ajustes e massagens para as pessoas que precisavam”, conta. Os conhecimentos desses profissionais “justa ossi” são de origem oriental, mas percorreram diversos países. 

Aos poucos, Nilso foi aprendendo com o tio-avô que não tinha mais forças, e por ver que as pessoas se sentiam bem depois dos ajustes, começou a gostar deste trabalho. Então, desde os 17 anos, na comunidade de São José, em Fagundes Varela, iniciou os atendimentos. Com o tempo, Domeneghini se aperfeiçoou através de leituras, debates, documentários e cursos, dentre eles o de Massoterapia. Com lágrimas e muita emoção, Domeneghini explica a preocupação dos clientes em saber quem o sucederia: “as pessoas que me procuravam, pediam se eu tinha filhos, quem  eu iria deixar …”. Domeneghini, mesmo sem possuir tanto conhecimento teórico, mas apenas, técnico, sempre foi superestimado e valorizado pelo trabalho que desenvolvia, por isso a preocupação dos clientes, que pensavam: “quem vai atender meus filhos e netos quando você não conseguir mais”? 

Um de seus filhos, Mauro, desde os 10 anos acompanha o pai nos atendimentos, alcançado os materiais. Ele começou a gostar do trabalho e abraçou a causa, dando continuidade ao conhecimento da família Domeneghini, mas foi além. Na época em que Mauro estava finalizando o Ensino Médio, os noticiários e jornais anunciavam o nascimento de uma nova área da saúde, a Quiropraxia. Apesar de já ser consolidada nos EUA e outros países, chegou ao Brasil somente em 1999, na Feevale, em Novo Hamburgo. “A Quiropraxia aborda bastante a área que meu pai executa. As terapias manuais são sua ênfase, mas ela é mais aprofundada em coluna vertebral e nas extremidades. Isso acabava complementando o que ele fazia na época”. Mauro pesquisou sobre o curso e se identificou com ele, melhorando ainda mais a prática que aprendeu com o pai. 

Mas ele afirma que o amor pelas técnicas despertou quanto tinha 10-11 anos. Com a instrução do pai, Mauro avaliava pacientes, identificando as lesões e desalinhamentos. “Comecei a praticar as técnicas de reposicionamento em pessoas conhecidas, ‘cobaias’, com a supervisão do pai”, aos risos relata Mauro, que iniciou na prática antes mesmo da faculdade.

Assim como o pai, foi motivado por perceber que estava fazendo o bem para as pessoas,  deixando-as aliviadas. A graduação de Mauro foi concluída há 10 anos, em Novo Hamburgo e desde lá eles possuem um consultório no centro de Veranópolis, onde os dois atendem juntos. No início eles até divergiam em algumas situações. Mas hoje é comum Mauro recorrer ao pai sobre questões práticas, assim como Nilso fazia com seu tio-avô.  Hoje, o pai foca na questão muscular com a parte terapêutica e o filho na parte biomecânica das articulações com a quiropraxia. Mauro possui especialização em Quiropraxia esportiva. 

 

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