Polícia encontra nota fiscal de arsênio em celular de suspeita de envenenar bolo em Torres

Deise Moura dos Anjos está presa temporariamente após três pessoas consumirem bolo envenenado

A Polícia Civil confirmou, nesta segunda-feira (13), a existência de uma nota fiscal de compra de arsênio no celular da principal suspeita de envenenar e matar quatro pessoas da mesma família. Segundo a instituição, o documento incluía o nome da acusada como destinatária.

As investigações indicam que a suspeita teria provocado a morte do sogro após uma visita no final de agosto de 2024. No entanto, ainda não está claro o momento exato em que a farinha utilizada no preparo do bolo foi envenenada, resultando na morte de outras três pessoas no último Natal.

Conforme as apurações da polícia, em um intervalo de quatro meses, a acusada teria adquirido arsênio pelo menos quatro vezes. As compras foram realizadas pela internet e os produtos entregues via Correios.

A Polícia Civil afirma que há “fortes indícios” de que Deise tenha praticado outros envenenamentos e não descarta novas exumações. A RBS TV apurou que a suspeita envolve o pai de Deise. José Lori da Silveira Moura morreu aos 67 anos, em Canoas, em 2020, supostamente por cirrose. Devido ao comportamento ‘frio’, a polícia busca esclarecer outros casos de morte de pessoas próximas a ela.

A gente não tem dúvida de que se trata de uma pessoa que praticava homicídios e tentativas de homicídios em série, e que durante muito tempo não foi descoberta, e durante muito tempo tentou apagar provas que pudessem levar a atribuição de culpa a ela”, afirmou a delegada regional do Litoral Norte do RS, Sabrina Deffente.

O arsênico, que é o composto trióxido de arsênio, tem a venda proibida no Brasil como raticida. O uso como agente quimioterápico é restrito.

Em nota, a defesa da suspeita Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente, alega que as declarações divulgadas ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso e que aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação, leia a íntegra abaixo.

Polícia diz que sogra era alvo

Segundo o delegado responsável pelo caso, Marcos Veloso, sogra da suspeita, Zeli dos Anjos, era o principal alvo dos envenenamentos. A polícia já confirmou que Deise levou o leite em pó para a casa dos sogros. A polícia tenta entender como a farinha, usada para fazer o bolo de Natal, parou na dispensa de Zeli dos Anjos.

A morte do sogro

Depois do caso do bolo ser revelado, a polícia passou a investigar se Deise Moura dos Anjos teria envolvimento também na morte de Paulo Luiz dos Anjos, que morreu em setembro, supostamente por intoxicação alimentar.

A polícia exumou o corpo, e exames constataram que ele ingeriu arsênio antes de morrer. O sogro de Deise morreu de infecção intestinal após consumir bananas e leite em pó levados à casa dele pela nora.

Em  mensagem enviada à sogra, Deise lista motivos que poderiam ter causado a morte de Paulo:

— Não sei, acho que eu não faria nada, pois poderia ter sido várias coisas: intoxicação alimentar, negligência médica, a banana contaminada pela enchente, ou simplesmente a hora dele… Sei lá.

O relatório preliminar da extração de dados dos celulares apreendidos apontou ainda buscas feitas na internet por termos como “arsênio veneno”, “arsênico veneno” e “veneno que mata humano”. As informações constam na representação da Polícia Civil pela prisão temporária da suspeita.

Nota da defesa da suspeita

As declarações divulgadas na coletiva de imprensa ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso, assim a Defesa aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação.

A Defesa já realizou requerimentos e esclarecimentos no inquérito judicial, referentes aos andamentos da investigação, aguarda neste momento decisão judicial.

 

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